Direção do SINTSEP-PA enfrenta crise interna e lançamento de novo grupo sindical
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Belém (PA) — A direção do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal do Pará (SINTSEP-PA) vive um momento de forte divisão política e organizativa. Parte da atual diretoria e um grupo de servidores da base decidiram romper o silêncio e lançar um movimento de oposição, que se autodenomina “Reconstrução do SINTSEP-PA”, em resposta ao que classificam como “paralisia e inoperância da maioria da direção sindical”, liderada pelo atual coordenador-geral, João Santiago.
O grupo dissidente divulgou recentemente um panfleto nas bases do funcionalismo federal no Pará, denunciando o que chama de “autoritarismo e falta de transparência nas decisões da atual gestão” e defendendo a necessidade de “reconstruir o protagonismo do sindicato nas lutas da categoria e nas mobilizações nacionais contra o desmonte dos serviços públicos”.
Crise expõe impasse sobre rumos do sindicato
De acordo com os dirigentes que assinam o manifesto, o sindicato — historicamente reconhecido por sua atuação combativa nas campanhas salariais e nas mobilizações em defesa dos serviços públicos — teria perdido capacidade de articulação política e de mobilização nos últimos anos.
“Não aceitamos mais que decisões que afetam diretamente a luta dos servidores e o patrimônio da entidade sejam tomadas sem amplo debate e consulta à base. O SINTSEP-PA precisa voltar a ser um instrumento de luta, não de acomodação”, afirma o texto do grupo “Reconstrução do SINTSEP-PA”.
Entre os signatários estão os diretores Regina Brito (Ministério da Saúde), Francisco Brito (Ministério da Saúde), Aguinaldo Barbosa (aposentado do Ministério da Agricultura), Mário Jorge (Ministério da Educação/UFRA), Josué Nascimento (Ministério da Saúde), Antônio Maria de Sousa (Ministério da Saúde), Cedício de Vasconcelos (aposentado da Marinha), Benedito Pantoja (Ministério da Saúde), Ana Dayse (Ministério da Saúde) e Ivo Pontes Pimentel (aposentado da Marinha).
Também assinam o manifesto os servidores filiados ao sindicato Neide Solimões (aposentada do Ministério da Saúde), Eduardo Pimentel (FUNASA), Karina Lopes (EBSERH), Andrea Matos (UFPA), Jaime Sales (Ministério da Saúde), Paulo Moraes (CEPLAC), Walcicléa Cruz (aposentada do ICMBio), Arnaldo Fontinele (Ministério da Saúde), Bento Souza (FUNASA), Gilberto Marinho (aposentado do SRTE) e Alfredo Costa (Marinha) — entre outros servidores da ativa e aposentados.
Sindicato paralisado na luta contra reforma administrativa
A divisão interna ocorre num momento em que o funcionalismo federal enfrenta novos desafios no cenário nacional. O debate sobre a reforma administrativa, a manutenção do arrocho salarial e o sucateamento de órgãos públicos têm gerado crescente descontentamento nas bases.
A crise do sindicato, afirmam os integrantes do novo grupo, reflete também a falta de iniciativa da atual direção majoritária da entidade com as lutas nacionais em defesa do serviço público. “Enquanto o governo federal mantém políticas de austeridade, arrocho salarial e quer aprovar a reforma administrativa a maioria da direção do sindicato se cala. É preciso retomar a combatividade e a independência da entidade sindical”, afirma um dos diretores que aderiram ao movimento “Reconstrução do SINTSEP-PA”.
O movimento “Reconstrução do SINTSEP-PA” anuncia que pretende promover rodas de conversa, plenárias de base e encontros regionais com servidores ativos e aposentados para discutir os rumos do sindicato e preparar uma possível chapa de oposição para a próxima eleição sindical.
SINTSEP-PA: um sindicato com história (Clique para ver as fotos)
Fundado na década de 1990, o SINTSEP-PA é uma das principais entidades representativas dos servidores públicos federais no Pará. Ao longo de sua história, esteve presente em lutas nacionais, como as campanhas contra as reformas da Previdência e Administrativa, na defesa de pautas salariais unificadas, na luta pelos direitos dos servidores intoxicados por DDT da ex-SUCAN, hoje FUNASA, e na luta pelos direitos dos aposentados e pensionistas do serviço público.
Hoje, no entanto, enfrenta o desafio de recuperar o protagonismo político diante das ameaças de desmonte do serviço público pelo governo Lula (PT/Frente Ampla) e do avanço da privatização de políticas públicas essenciais.
Um sindicato atolado em dívidas e em crise de representatividade
Atolado em dívidas não negociadas pela atual gestão, comandada pelo atual coordenador João Santiago, o SINTSEP-PA vive uma das piores crises de sua história.
A sede própria da entidade, localizada na Avenida Mauriti, nº 2239, encontra-se interditada e sob risco de desabamento, após o início de uma obra de reforma e ampliação realizada “sem autorização do conjunto da direção sindical e sem qualquer consulta à base da categoria”, afirma um filiado do sindicato.
A reportagem do Portal Info.Revolução tentou contato com a empresa responsável pela obra, mas não obteve retorno. A contratada não foi localizada para esclarecer as condições da construção denunciada nem para informar se pretende realizar os reparos necessários no imóvel.
Como se não bastasse, o prédio e o terreno do sindicato estão ameaçados de penhora para pagamento de dívidas acumuladas pela atual administração.
Enquanto isso, o SINTSEP-PA passou a funcionar em um prédio alugado, ao custo de aproximadamente R$ 4.000,00 (quatro mil reais por mês) — um valor considerado elevado para uma entidade que possui sede própria e se encontra endividada.
Há denúncias graves de que o sindicato esteja aparelhado e inchado de funcionários ligados ao grupo político do atual coordenador, o que teria transformado a entidade em um apêndice de interesses pessoais, distante das lutas reais da categoria.
O SINTSEP-PA, que já foi referência em organização de base e atuação por local de trabalho, hoje não possui nenhum delegado sindical eleito nos órgãos federais. É o retrato do esvaziamento político e da perda de protagonismo da entidade — não apenas em Belém, mas também no interior do estado.
Além disso, o sindicato encontra-se completamente ausente das instâncias nacionais de luta dos servidores públicos, afastado da Confederação (CONDSEF) e da Central Sindical CSP-Conlutas, da qual é formalmente filiado.
O resultado é um sindicato paralisado, desorganizado e sem voz, distante das lutas que deveriam mobilizar toda a categoria federal no Pará e em todo o Brasil.
Leia abaixo manifesto do movimento “Reconstrução do SINTSEP-PA” que nossa Redação teve acesso
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