OCUPA SEDUC: "Não haverá COP sem ouvir os povos indígenas"
- contatoinforevollu
- 26 de jan.
- 2 min de leitura
Por: Douglas Diniz (RSF)

A ocupação da Secretaria de Educação do Pará (SEDUC) por lideranças indígenas entra em seu 13º dia, sem que o governador Helder Barbalho (MDB) tenha sinalizado a aceitação das reivindicações dos manifestantes, que exigem a revogação da Lei 10.820/2024 e a exoneração do secretário Rossieli Soares.
Juridicamente, tanto o Sintepp (Sindicato dos Trabalhadores da Educação Pública) quanto o Ministério Público Federal já comprovaram a ilegalidade das ações do governador, que conta com a cumplicidade da maioria dos deputados da Assembleia Legislativa do Estado do Pará. A aprovação da lei ocorreu de forma acelerada, sem audiências públicas e sem a necessária escuta dos afetados, acompanhada por métodos de truculência institucional da Polícia Militar contra professores e estudantes.
A ocupação, que conta com cerca de 400 indígenas representando mais de 20 etnias de diversas regiões do estado, quilombolas, professores do SOME e SOMEI e agora apoiada pela greve da educação estadual, evidencia a falta de habilidade política do governador em lidar com conflitos. Helder Barbalho, acostumado a governar através da força, enfrenta uma crescente oposição nas redes sociais e uma deterioração de seu prestígio, que foi construído a custo de milhões de reais para silenciar a grande imprensa. O que antes era um "menino de ouro" que brincava de ser rei agora se vê isolado em meio à maior crise política de seu mandato, cercado apenas por assessores e sem ter se manifestado publicamente, exceto para afirmar que está aberto ao diálogo com os manifestantes, em uma clara e arriscada jogada de marketing.
Em um ano marcado pela COP 30, o depoimento do líder indígena e professor Gedeão Arapyú revela a gravidade da situação política do governo. "Não vai acontecer a COP sem escutar os povos indígenas", afirmou, sublinhando que essa posição poderá comprometer os interesses de muitos que veem na COP uma oportunidade de negócios. O dilema de Helder é manter no cargo o secretário Rossieli Soares, já desgastado, ou enfrentar uma possível vergonhosa repercussão internacional, o que poderia colocar em risco suas ambições políticas.
Com a caneta ainda cheia de tinta, o governador Helder Barbalho (MDB) ainda tem a capacidade de evitar o pior. Ele pode optar por revogar a Lei 10.820/2024 e demitir o secretário Rossieli Soares, abrindo um canal de diálogo com os ocupantes da Secretaria de Educação (SEDUC) e com o Sintepp, que lidera a greve da educação. Caso contrário, corre o risco de ver seu suposto reinado desmoronar como um castelo de cartas.
Enquanto isso, a ocupação da SEDUC se fortalece a cada dia, com novos povos se unindo ao movimento e intelectuais e artistas de renome nacional apoiando a causa das populações tradicionais. A situação está fora de controle, e não apenas o movimento e a solidariedade estão em ascensão, mas também a determinação de lutar por um modelo de Amazônia que priorize a democracia direta, a escuta e a participação daqueles que habitam os territórios.
VEJA VIDEO DO LIDER INDIGENA E PROFESSOR GEDEÃO ARAPYÚ
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