Projud é o espelho da gestão OAB-AM: lento, travado e sem resposta
- contatoinforevollu
- 9 de out.
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Quem é advogado de verdade sabe: o Projud nunca funcionou. Sempre foi um sistema instável, lento, imprevisível, mas por muito tempo, o sofrimento ficou restrito aos colegas do interior. Eles enfrentavam calados as falhas diárias, as quedas constantes, os prazos perdidos, como se o problema fosse normal. Afinal, quem é do interior, no olhar da elite jurídica, parece sempre ser tratado como cidadão de segunda classe.
Mas eis que em 2024 o Tribunal de Justiça do Amazonas resolveu “democratizar o sofrimento”: todos os processos da capital migraram para o Projud, sob a justificativa de que o sistema seria “mais seguro” que o antigo ESAJ. E o resultado?Segurança zero. Instabilidade total.A advocacia manauara finalmente sentiu na pele o que os colegas do interior suportavam há anos e agora o caos é generalizado.
O mais revoltante, porém, não é o Projud em si. É a omissão escandalosa da atual gestão da OAB-AM. Desde o ano passado, advogados e advogadas vêm implorando por providências: oficiar o Tribunal, exigir uma solução, cobrar respeito à classe. Mas o presidente da OAB-AM parece viver em outro planeta. Segue inerte, imóvel, indiferente, como uma árvore centenária plantada no meio da selva, vendo tudo desabar à sua volta, mas sem mover uma folha.
E por que tanta inércia?Simples: o problema não afeta os amigos do rei.O presidente da OAB-AM não se enxerga como advogado de base, daqueles que suam para protocolar uma petição em um sistema que trava a cada clique, que dependem de um despacho que nunca sai, que vivem à beira do prazo final. Ele está confortável no pedestal, blindado por uma gestão que serve à elite e despreza a advocacia real, aquela que vive da labuta diária.
Curioso é que, quando se trata de aprovar a famigerada Resolução 230, aquela que fere a Constituição e o Estatuto da Advocacia para privilegiar os apadrinhados, tudo acontece num piscar de olhos. Movimenta-se céu e terra. Mas quando o assunto é resolver o drama de milhares de advogados abandonados pelo Projud… o silêncio é ensurdecedor. De repente, o presidente “descobre” o problema, finge surpresa, promete estudar o caso. A mesma encenação de sempre.
Triste mesmo é lembrar que a advocacia amazonense teve a chance de mudar isso. Ano passado, muitos preferiram a feijoada e o happy hour à reflexão crítica. Venderam o voto em troca de sorrisos e convites para eventos, e agora colhem o fruto da própria escolha: uma gestão omissa, elitista e negligente, que só se move quando o interesse é próprio, nunca quando é coletivo.
Mas ainda há tempo de reagir. Da próxima vez que esses mesmos rostos, as figurinhas repetidas da elite da OAB-AM, aparecerem pedindo voto, lembre-se: são os mesmos que te deixaram sozinho diante do Projud, que nunca levantaram a voz por você, que só enxergam a advocacia quando ela serve de degrau para o poder.
Chegou a hora de quebrar o ciclo dos coronéis da OAB-AM. De dizer basta ao jogo sujo, à política dos conchavos, ao “clube do bolinha” jurídico que há anos transforma a Ordem num feudo pessoal. Precisamos devolver a OAB-AM à advocacia de verdade, aquela que luta, que sente, que trabalha e que merece respeito.
Porque quem não respeita a advocacia não merece nosso voto. E quem se cala diante do Projud, não pode falar em defender a classe.

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