Cesta Básica aumenta em 15 capitais em abril; salário mínimo ideal seria de R$ 7.638,62
- contatoinforevollu
- 22 de mai.
- 4 min de leitura

E-mail: contato@inforevolucao.com
Belém, PA — O custo da cesta básica de alimentos registrou alta em 15 das 17 capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em abril de 2025. O dado reforça a persistente pressão inflacionária sobre itens essenciais e a crescente defasagem entre o salário mínimo e o custo de vida, que segue em ritmo acelerado.
Em média, um trabalhador remunerado pelo piso nacional precisou dedicar 108 horas e 55 minutos (13,5 dias de trabalho) para comprar os itens essenciais, tempo superior às 106 horas e 19 minutos de março. Em Belém, especificamente, a cesta básica teve um aumento de 3,02% em abril, subindo de R$ 707,90 para R$ 726,21.
Descontado o valor da Previdência Social, o trabalhador que recebe salário mínimo comprometeu, em média, 53,52% do seu rendimento líquido em abril para adquirir a cesta, percentual maior que os 52,24% de março.
Preços em alta e impacto regional
As maiores elevações entre março e abril foram observadas em Porto Alegre (5,38%), Recife (4,08%), Vitória (4,05%) e São Paulo (3,24%). Apenas Brasília (-0,87%) e Salvador (-0,23%) apresentaram recuo nos preços no período.
São Paulo manteve o posto de capital com o maior custo para o conjunto de alimentos básicos, atingindo R$ 909,25 em abril. Na sequência, aparecem Florianópolis (R$ 858,20), Rio de Janeiro (R$ 849,70) e Porto Alegre (R$ 834,22). Nas regiões Norte e Nordeste, onde a composição da cesta básica segue outra metodologia, os menores valores médios foram apurados em Aracaju (R$ 579,93), Salvador (R$ 632,12), João Pessoa (R$ 641,57) e Recife (R$ 652,71).
Inflação acumulada preocupa
A comparação entre abril de 2024 e abril de 2025 revela que a maioria das capitais teve alta de preços, com variações entre 3,92% em Natal e 10,50% em São Paulo. Salvador (-1,25%) e Aracaju (-0,37%) foram as únicas exceções, com ligeiras quedas.
Nos primeiros quatro meses de 2025, o cenário é ainda mais desafiador: o custo da cesta básica aumentou em todas as cidades pesquisadas, com taxas que oscilaram entre 4,39% em Brasília e impressionantes 10,94% em Recife.
Veja os produtos que tiveram maior variação de preços:
Café em pó: Subiu em todas as capitais em abril de 2025, com aumentos variando entre 0,87% (Goiânia) e 15,55% (Vitória). Em 12 meses, as altas são ainda mais expressivas, com destaque para Vitória (137,04%) e Goiânia (133,37%), impulsionadas por menor oferta global e incertezas climáticas na safra brasileira.
Batata: Aumentou em todas as cidades da região Centro-Sul em abril (entre 11,00% em São Paulo e 35,01% em Porto Alegre), devido à menor oferta e baixa qualidade da colheita.
Tomate: O preço subiu em 15 das 17 capitais em abril de 2025 (maiores taxas em Porto Alegre com 51,99% e Vitória com 34,28%), impactado por chuvas e clima ameno que atrapalharam a colheita.
Pão francês: O quilo aumentou em 12 capitais em abril (entre 0,26% no Rio de Janeiro e 4,99% em Vitória), devido à baixa disponibilidade de trigo e aumento das importações.
Carne bovina: Subiu em 11 capitais em abril (entre 0,06% em São Paulo e 1,08% em Florianópolis), impulsionada pela oferta limitada de animais para abate e demanda externa aquecida.
Arroz e óleo de soja: Em contraste, os preços diminuíram na maioria das cidades em abril, devido à maior oferta e ritmo acelerado da colheita no Brasil.
São Paulo: onde o esforço do trabalhador é maior
Na capital paulista, a cesta básica atingiu R$ 909,25 em abril, um aumento de 3,24% em relação a março. Em comparação com abril de 2024, o preço subiu 10,50%.
O trabalhador de São Paulo, remunerado pelo salário mínimo de R$ 1.518,00, precisou trabalhar 131 horas e 47 minutos para adquirir a cesta básica em abril, mais tempo do que em março (127 horas e 38 minutos). Considerando o salário mínimo líquido, esse trabalhador comprometeu 64,75% da sua remuneração para comprar os itens em abril.
Salário Mínimo necessário distante da realidade
O Dieese estima que, em abril de 2025, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 7.638,62. Esse valor representa 5,03 vezes o mínimo atual de R$ 1.518,00, escancarando o abismo entre o poder de compra e o custo de vida, conforme preceitua a Constituição Federal.
A persistência da alta nos preços da cesta básica e a dificuldade do trabalhador em manter seu poder de compra acendem um alerta sobre a necessidade urgente de políticas eficazes de controle da inflação e valorização salarial para mitigar o impacto no orçamento familiar.
Proposta propõe alívio financeiro
e aumento do poder de compra para a população
Em meio ao cenário de inflação e defasagem do salário mínimo, um conjunto de propostas econômicas e sociais vem sendo defendido por sindicatos de trabalhadores nas campanhas salariais. Essas propostas surgem como potencial alívio para o orçamento das famílias brasileiras. As medidas, que incluem desde o congelamento de preços de itens essenciais até a reestruturação de dívidas, visam a valorizar o poder de compra e garantir maior estabilidade financeira para diferentes segmentos da população.
As iniciativas contemplam ações diretas para conter o aumento de gastos, como o congelamento da cesta básica e das tarifas de serviços essenciais, e propostas para desafogar o endividamento e aumentar a renda líquida de trabalhadores e servidores públicos.

"Nós, trabalhadoras e trabalhadores, estamos superendividados e perdemos nosso poder de compra. O custo de vida disparou, mas os governos, principalmente os prefeitos, não pagam sequer o salário mínimo como base para os servidores municipais. Também não cumprem os pisos do magistério e da enfermagem, determinados por Lei Federal, e benefícios como o vale-alimentação não acompanham a escalada inflacionária. Nossa pauta de reivindicações na campanha salarial deste ano reflete essa realidade. O governo alega que não tem dinheiro, o que é uma grande mentira. O dinheiro existe, mas vai para enriquecer os empresários que sonegam e não pagam impostos, enquanto a maioria dos trabalhadores do país tem descontos na fonte, em seu contracheque e no consumo", afirmou a Professora Silvia Letícia, da Coordenação do Sindicato das Trabalhadoras e dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (SINTEPP).
(Matéria em Atualização)
Leia a seguir a nota técnica do Dieese sobre o reajuste da cesta básica (Clique no arquivo).
Comentários