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Governo do Pará usou programa de Direitos Humanos para espionar indígenas, aponta depoimento

Chefe de inteligência do governo Helder Barbalho revela que agentes secretos foram infiltrados em manifestações de lideranças contra medidas na educação. MPF vai abrir nova investigação.



BELÉM, PA – Um depoimento prestado à Justiça Federal pelo delegado Carlos André Viana, chefe do Setor de Inteligência e Análise Criminal (Siac) da Secretaria de Segurança Pública do Pará, revelou que o governo do estado utilizou agentes infiltrados em um programa de proteção a defensores de Direitos Humanos para monitorar líderes indígenas. A revelação foi feita no âmbito de um processo que acusa o governador Helder Barbalho (MDB) e o estado de publicarem notícias falsas contra os povos originários.


O monitoramento ocorreu em janeiro deste ano, durante uma manifestação de centenas de indígenas de várias etnias, incluindo os Arapiun, Munduruku e Borari. Eles protestavam contra mudanças na educação das aldeias, uma pauta da gestão do então secretário estadual Rossieli Soares. Segundo o delegado, os agentes secretos, chamados de "colaboradores", transmitiam em tempo real, via WhatsApp, informações sobre os passos dos manifestantes.


O depoimento de Viana aponta que a espionagem foi além. Quando os indígenas ocuparam a Secretaria da Educação, os agentes do estado entraram com eles para continuar o monitoramento. A prática, segundo o delegado, também teria ocorrido em 2023, durante a Cúpula da Amazônia, evento preparatório para a COP30.

Desvio de finalidade

A revelação causou surpresa entre os membros do Ministério Público Federal (MPF) e da Defensoria Pública da União (DPU), que veem um "desvio de finalidade" do Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos (PPDDH). O defensor Marcos Teixeira, que atua no caso, classificou a ação como um "contrassenso", já que o programa tem como objetivo principal proteger ativistas, não monitorá-los.


Diante do depoimento, o MPF decidiu abrir uma investigação específica para apurar a natureza da relação entre o governo e os espiões. O cacique Dada Borari, um dos líderes dos protestos e que é protegido pelo PPDDH, disse ter reagido com indignação, afirmando que os dados dos defensores deveriam ser sigilosos e que não confia mais no programa.


Em nota, o governo do Pará afirmou que as operações de monitoramento seguem a "legislação vigente" e negou o desvio de finalidade do programa. Segundo o comunicado, os "colaboradores" não se confundem com os beneficiários do PPDDH e não há uso de informações protegidas para fins alheios à sua finalidade. A controvérsia acontece em um momento sensível para o governo estadual, que enfrenta críticas de líderes indígenas com a proximidade da COP30.


As denúncias vieram a público nesta segunda-feira (18) e foram postadas no perfil do Instagram do jornalista Adriano Wilkson e publicadas no Portal do JOTA.


Fonte: Portal do JOTA e Rede Social: Adraino Wilkson

Assista ao vídeo da postagem do jornalista Adriano Wilkson

Assista ao vídeo do depoimento do delegado Carlos André Viana, chefe do Setor de Inteligência e Análise Criminal (Siac) da Secretaria de Segurança Pública do Pará, à Justiça Federal

 

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