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"Ramih: O Sagrado Poder do Ayahuasca que só os dignos podem beber"

Imagem: Arquivo.Net
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Ka tücüna naina. Frase escrita na gramática kanamari e traduzida para o português significa: Olá, leitor(a).


O Ayahuasca, conhecida pelos povos originários do Juruá como Cipó ou Ramih, carrega em si um poder ancestral e um mistério profundo, sendo muito mais do que uma simples bebida. Para os povos indígenas da floresta, ele é um elo sagrado com o espírito da terra, um portal que se abre apenas quando há um chamado verdadeiro e uma necessidade espiritual genuína. Não é uma bebida a ser consumida com frivolidade ou em qualquer momento; sua essência se revela apenas para aqueles que buscam compreender os mistérios do universo, em momentos de grande importância e reflexão.


Imagem: Arquivo.Net
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Somente os Marinawas, os detentores do saber sagrado, possuem o conhecimento profundo necessário para a preparação e manipulação do Ramih. Eles são os guardiões desse saber, os responsáveis por conduzir os rituais com sabedoria e reverência, garantindo que a força da bebida seja acessada corretamente. Em algumas culturas, a presença feminina na elaboração do chá é proibida, pois acredita-se que a energia masculina é essencial para lidar com a potente e invisível força que a bebida contém.


Quando o Ramih é ingerido de maneira consciente, com respeito e intenção pura, ele fala diretamente àqueles que estão preparados para ouvir. Em um território sagrado, durante o ritual o pajé Kanamari pode se transformar em uma onça, atravessando dimensões espirituais desconhecidas e guiando aqueles que buscam respostas profundas. Através da bebida, nos conectamos com o grande espírito da floresta, com aquele que nos protege, nos guia e nos ilumina.


A cada dose, o Ramih revela segredos, aconselha e ressignifica a essência de cada ser, tornando-nos mais fortes e mais conscientes de nossa verdadeira natureza. Mas sua sabedoria não é para todos. Só aqueles que possuem o merecimento, que buscam a verdade e a verdadeira conexão com o sagrado, podem acessar seu poder. O Ramih é uma bebida da alma, que só deve ser tomada quando o espírito chama, quando o coração está pronto para o que será revelado.


Em conclusão, o Ramih, para os povos indígenas, não é apenas uma bebida, mas um elo sagrado com o grande espírito da floresta, que deve ser invocado com respeito e reverência. Diferentemente da maneira como é tratado por aqueles que não pertencem aos povos originários, para nós, o Ramih é utilizado apenas quando há uma verdadeira necessidade espiritual. Ele não é consumido de forma indiscriminada, pois sua força e poder só podem ser acessados quando o grande espírito chama, escolhendo quem é digno de sua visão. É o Ramih quem decide, com sabedoria e justiça, quem merece ser tocado por sua essência, e somente aqueles que buscam a verdade, com o coração e o espírito preparados, podem testemunhar suas revelações. O respeito ao sagrado é a base de nossa conexão com o mundo espiritual, e é assim que preservamos a pureza e o verdadeiro significado dessa bebida ancestral.

Bapo ikoni. Até a próxima pauta.


*Inory Kanamari - Primeira advogada indígena do povo kanamari. Atuou como presidente da Comissão de Amparo e Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas da OAB/AM de 2022 a 2024, Vice-presidente da Comissão Especial de Amparo e Defesa dos Povos Indígenas no Conselho Federal da OAB de 2023 a 2024, atuou como Consultora no projeto de tradução da Constituição Federal para a língua indígena nheengatu no Conselho Nacional de Justiça. Articulista da Revista Cenarium, ativista, poetisa, membra na ALCAMA (Academia de Letras, Ciência e Cultura da Amazônia). Escreve como colaboradora toda terça-feira e aos sábados para o Portal Info.Revolução.
*Inory Kanamari - Primeira advogada indígena do povo kanamari. Atuou como presidente da Comissão de Amparo e Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas da OAB/AM de 2022 a 2024, Vice-presidente da Comissão Especial de Amparo e Defesa dos Povos Indígenas no Conselho Federal da OAB de 2023 a 2024, atuou como Consultora no projeto de tradução da Constituição Federal para a língua indígena nheengatu no Conselho Nacional de Justiça. Articulista da Revista Cenarium, ativista, poetisa, membra na ALCAMA (Academia de Letras, Ciência e Cultura da Amazônia). Escreve como colaboradora toda terça-feira e aos sábados para o Portal Info.Revolução.
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